CABEÇAS E VAGINAS

Imagine um lugar habitado por vaginas e cabeças cada uma exercendo, claro, funções bem distintas. A vagina quer prazer auto-estima e sexo, e o cérebro vive envolvido com mil e um problemas, entre eles casa, filhos, família, trabalho, roupa, sapatos e etc. Ambos vivem em conflitos. Você sempre coloca o cérebro no colo, procura resolver todos os problemas, e despreza sua vagina que só fica com o resto que lhe cabe: uma transa esporádica onde o gato se acaba, você dá uma “mexidinha” e mau goza.  Em um belo dia, a vagina desprezada e sofrida resolve ir embora. Seu nego, que não é besta e há milênios sabe que o pênis tem vontade própria, termina a relação ou, para seu desespero, vai embora com uma vagina assanhada e bem resolvida. Você, coitada, se sente vitimada. Chora, xinga e vive perguntando o que houve de errado afinal você tentou ser amiga, companheira, mãe, namorada, pai, e o escanbal. Acorde ‘né’ nega?

Não se engane nossa vagina tem vontade própria. Ela não quer, unicamente, carinho, abraços e beijos apaixonados. Ela anseia por prazer e sexo. Tenha suas obrigações enquanto mulher socialmente ativa, mas lembre-se de dá a devida atenção para o seu corpo, seu tesão. O Movimento Feminista ajudou as mulheres com algumas conquistas como direitos equânimes (iguais), sufragismo e uma vivência mais liberta de padrões opressores baseados em normas de gênero. Mas falta conquistarmos direitos sobre nosso corpo, nossa libido. Liberdade para explorar a nossa sexualidade sem falso pudor, e moderações tão preconceitosas quanto obsoletas. Pegue um espelho e olhe sua vagina¹. Se nunca fez isso melhor fazer agora, pois feia ou bonita, é ela que irá te dá prazer.

Que tal pensar na sua sexualidade, prazer e, principalmente, na qualidade dos seus orgasmos?

Pense não para agradar seu parceiro e, sim para si conhecer enquanto mulher sexualmente ativa. Saia da postura de vítima e assuma que você também gosta de sexo, que você também quer orgasmos e, para as solteiras, que sexo casual também é uma possibilidade. Homem não quer uma Barbie. Eles querem uma mulher que sinta prazer, que seja moderna, feminina, esteja bem consigo mesma, segura, decidida e, claro, GOS-TO-SA. Não faça do seu homem um cafajeste responsável por sua insegurança, falta de orgasmos e desilusões. Saiba o que você deseja, mostre, ensine, leia, masturbe-se, assista filmes eróticos (eles ensinam muita coisa – é só saber escolher). Inove a si e depois ao outro.

Sexo é uma troca e não ação isolada de uma pessoa.

Se você acha que não é gostosa, quem achará? Pare de colocar a culpa neles (claro que tem um bando de FDP por aí que não sabem o que querem), mas se você estiver de bem com seu corpo, com sua vagina, você dá um chute na bunda dele. Afinal, cada transa é única e sua vagina merece coisa melhor (isso não quer dizer que você irá sair transando com qualquer ‘merda’ por aí, ok?).

Agora se você continuar acreditando, assim como nossas ancestrais e um bando de mulher machista e conservadora, que sua vagina é apenas um órgão feito para receber o pênis, dá saída ao feto e expulsar o conteúdo menstrual, tente ter prazer sem dá atenção a ela... Vais continuar infeliz e mal amada. Si conheça, mude e faça sua vagina realizada.

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¹Assista Os Monólogos Da Vagina de Eves Esler. A autora mostra, de maneira lúdica e interessante, a falta de prática de muitas mulheres que nunca olharam suas próprias vaginas.